quinta-feira, 30 de julho de 2015

O Fim da Lua de Mel Espiritual

Contudo, o tempo passou e comecei  a sentir uma resistência crescendo. Queixei-me com Sócrates, apesar de seu olhar sombrio: " Soc, você deixou de ser engraçado. Virou um velho rabugento; nem se anima mais".
Ele me lançou um olhar fulminante. "Basta de truques mágicos", era exatamente isso - bastava de truques, sexo, batatas fritas, hambúrgueres, doces, bolos, roscas, alegria e descanso; a disciplina valia dentro e fora.
Você provavelmente já ouviu dizer que toda pessoa é otimista nas primeiras quatro horas de uma dieta. Assim, quando realizamos mudanças positivas, empreendemos novos estudos e iniciamos uma nova rotina de exercícios ou um regime dietetico, enchemo-nos de entusiasmo e até obtemos, as vezes, resultados num prazo relativamente curto.
Mas com o tempo, acabamos por atingir planaltos e descobrimos que depois dos picos vêm os vales. O que era disciplina se transforma em rotina (após três dias, semanas, meses ou anos). E, a certa altura, a paixão inicial e a motivação se desgastam. Já não é mais divertido contar aos amigos sobre o nosso novo empreendimento. Tudo o que sobra somos nós mesmos e a decisão diária de persistir ou desistir.
Nesse ponto do meu treinamento com Sócrates, a novidade desaparecera e eu enfrentava uma resistência cada vez maior, enquanto o entusiasmo se desvanecia. Numa fase dessas, nossos estilos de vida antigos, familiares e geralmente mais fáceis nos chamam de volta ãquilo que éramos. Assomos de saudade enchem nossa vida fantasiosa, à medida que as dúvidas surgem. Afinal, as coisas seriam tão ruins assim no passado?
Usar a força de vontade contra a inércia dos hábitos arraigados é como aplicar fricção para rolar uma pedra morro acima; gera calor psíquico que produz um efeito purificador, estimulante. Mas mesmo assim não deixa de queimar e nós ouvimos o doce canto das sereias, instando-nós a regredir ao conhecido, a ser como os outros, a retornar ao aconchego do aprisco para nós ver livres da pressão.
Desse modo, para eliminar um hábito destrutivo como o fumo ou a bebida, não basta parar uma vez; temos de parar repetidamente, sempre que a tentação se apresenta - mesmo quando ninguém nos elogia nem nos conforta, exceto nós mesmos. Em ocasiões como essa, lembremo-nos das palavras atribuídas a Abrahan Lincoln: "Quero viver de maneira tal que, se no final houver perdidos todos os amigos, ao menos um me reste: aquele que está dentro de mim".
De uma perspectiva transcendental, tudo o que fazemos é perfeito (não há certo né, errado, apenas conseqüências).
Cada qual faz as suas escolhas, cada qual vive a sua vida. Mas, em momentos de decisão, quando não sabemos que rumo tomar, talvez seja útil fazer a pergunta: " Se eu pudesse voltar dez anos no tempo, que gostaria de rever? E se meus filhos tivessem de enfrentar esta mesma escolha? Que rumo eu desejaria para eles?"
O caráter se revela pelas escolhas que fazemos sob pressão. Nossas opções e atos depois que a lua de mel termina - quando a motivação se dilui e as dúvidas surgem - são os verdadeiros testes de caráter. Se nosso comportamento estiver e, sintonia com nossos objetivos superiores, a despeito da resistência, do tédio ou do medo, então persistiremos por mais uma hora, mais um dia no caminho do guerreiro pacífico.
Fonte: A sabedoria do Guerreiro Pacífico - Dan Millman - Editora Pensamento 2008.

http://newworldlibrary.com/NewWorldLibraryUnshelved/tabid/767/articleType/ArticleView/articleId/358/WHEN-THE-SPIRITUAL-HONEYMOON-IS-OVER-An-Excerpt-from-WISDOM-OF-THE-PEACEFUL-WARRIOR.aspx#.Vbp2xEo4-rW


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